A Bocha Paralímpica como conteúdo pedagógico nas aulas de Educação Física

LIMA, Wálisson Francisco de. A Bocha Paralímpica como conteúdo pedagógico nas aulas de Educação Física. 2024.  Produto Educacional relativo a Dissertação (Mestrado em Ensino na Educação Básica) – Programa de Pós-graduação em Ensino na Educação Básica, Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, GO 

Orientação: Profª Dra. Vanessa Helena Santana Dalla Déa

Contato: walifranco@gmail.com

RESUMO 

Este Produto Educacional em forma de Sequência Didática apresenta, por meio de atividades que abordam a Bocha Paralímpica nas aulas de Educação Física, os resultados de uma pesquisa qualitativa sobre as concepções e as ações pedagógicas desenvolvidas por professores de Educação Física, para difundir saberes sistematizados sobre o esporte paralímpico nas escolas, visto como fenômeno histórico-cultural e pluridimensional, realizada na 1ª fase do Ensino Fundamental da Rede Municipal de Ensino de Aparecida de Goiânia, em Goiás. Este trabalho foi desenvolvido durante o Mestrado Profissional Stricto Sensu em “Ensino na Educação Básica”, do Programa de Pós-Graduação em Ensino na Educação Básica do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação (CEPAE), da Universidade Federal de Goiás (UFG), entre os anos de 2022 a 2024, cujo produto final é a dissertação “Esporte Paralímpico nas escolas: um olhar sobre a inclusão e a diversidade nas aulas de Educação Física”. Dessa forma, desenvolvemos uma Sequência Didática para apresentar esse Esporte de Precisão para os estudantes do primeiro bloco do Ensino Fundamental, abordando sua historicidade, seus fundamentos principais e desenvolvendo noções de empatia e respeito às diferenças entre os diversos estudantes presentes nas escolas. A coleta de dados ocorreu por meio da observação participante, das descrições e reflexões do diário de campo, análise documental e das entrevistas semiestruturadas realizadas com os professores de Educação Física. Para a intervenção pedagógica, elaboramos um festival de cultura paralímpica, que foi realizado na escola em parceria com os professores de Educação Física, sujeitos dessa pesquisa. 

Palavras-Chave: Bocha Paralímpica; Educação Física; Inclusão Escolar; Diversidades. 

INTRODUÇÃO 

O produto educacional que apresentamos, se enquadra na categoria das mídias educacionais digitais. Surge dos relatos e das experiências adquiridas nessa pesquisa e trata-se da criação de uma Sequência Didática sobre a Bocha Paralímpica e as possibilidades de intervenção pedagógica com esta modalidade nas aulas de Educação Física, trazendo referências para o desenvolvimento deste tema nas escolas de Educação Básica e estimulando o ensino de conteúdos relativos à cultura paralímpica nas aulas de Educação Física. 

Neste estudo tratamos os conteúdos como conhecimentos a serem apresentados e desenvolvidos dialeticamente no ambiente escolar. “Os conteúdos são conhecimentos necessários à apreensão do desenvolvimento sócio-histórico das próprias atividades corporais e à explicitação das suas significações objetivas”. (SOARES et al. 1992, p.64). 

Esta sequência didática é voltada para professores de Educação Física, explanando questões sobre a história dos esportes paralímpicos e as especificidades da Bocha Paralímpica, como suas regras e formas de jogar, classificação funcional das deficiências que podem competir profissionalmente nessa modalidade, adaptações do jogo para se adequar à realidade das escolas, os principais fundamentos da modalidade e formas lúdicas para apresentar esta modalidade para as turmas do ensino fundamental. 

O Produto Educacional foi desenvolvido a partir dos diálogos estabelecidos no campo da pesquisa, na Escola Municipal Guiomar Rosa de Oliveira, no município de Aparecida de Goiânia. Apesar de estar vinculado ao primeiro bloco do ensino fundamental, sua abrangência de aplicabilidade engloba toda a Educação Básica, sendo passível de adaptações para cada nível de ensino. Ele possui um médio teor inovador, combina conhecimentos sobre uma modalidade esportiva paralímpica existente, porém, quase nunca abordada nas escolas, devido à falta de domínio dos conhecimentos sobre esta modalidade no Brasil. 

Esta sequência de atividades é passível de replicabilidade, pois as atividades propostas são de fácil adaptação em diferentes realidades ou espaços, podendo ser utilizada na íntegra ou a critério dos professores.  Os fundamentos dessa modalidade, como o controle de direção e controle de força, são valências ou habilidades que serão exigidas em diversas outras atividades da aula ou na vida dos estudantes. Os praticantes demonstram grande interesse e interação com as atividades propostas. O produto foi vivenciado na culminância pedagógica sobre a cultura paralímpica na escola destacada como campo da pesquisa empírica. Na última semana de aula, realizamos um Festival de Atividades Paralímpicas, montamos as atividades e testamos sua aplicabilidade juntos aos alunos da primeira fase do ensino fundamental. 

Praticada por atletas com paralisia cerebral ou deficiência severa, a Bocha Paralímpica surge no Brasil na década de 70, sob influência dos imigrantes italianos. A modalidade estreou nos Jogos Paralímpicos no ano de 1984, edição sediada por duas cidades diferentes: Stoke Mandeville (Inglaterra) e Nova Iorque (Estados Unidos). 

A dinâmica da modalidade consiste em jogar bolas nas cores vermelha ou azul o mais próximo possível de uma bola branca, também conhecida como “bola jack”. Os atletas jogam sentados em suas cadeiras de rodas, limitados a um espaço retangular de 1 metro de largura por 2,5 metros de comprimento, demarcado para fazer arremessos. É permitido realizar os arremessos com qualquer parte do corpo e utilizar instrumentos de auxílio (rampas ou calhas) para dar maior propulsão à bola, além de contar com ajudantes (operador de rampas ou calheiro), no caso de atletas com maior comprometimento dos membros. Para atletas com tetraplegia e grande dificuldade de movimentação de braços e pernas, pode ser utilizado um capacete ou faixa na cabeça com uma ponteira acoplada, para tocar e empurrar a bocha para que a mesma desça pela calha. 

SEQUÊNCIA DIDÁTICA